segunda-feira, 2 de maio de 2011

Uma noite quente para desejos tortos.

Estávamos distantes dos dias certos. Perdidos numa noite qualquer. Era dia de semana, uma terça, uma quarta qualquer. Algo mais que uma simples cerveja, queria delirar. E o delírio é uma ave sem destino. É uma ave sádica procurando um sei lá o que. Abismos por toda parte e por toda parte existiam nós. Existia o senso comum. O fulgor surreal. O suor. E a teia do destino.

Cuspir ódio era um dos seus passatempos prediletos, começou cuspindo fogo. Mas isso ardia demais seu estomago, já não bastasse os psicotrópicos. Sentia-se melhor agora que a carruagem havia passado, e o passado costumava se esconder. Isto mesmo! fogueira de senso comum. Seu senso havia se perdido ali. Solos de guitarra, fumaça, luz vermelha... ah a luz vermelha. Se não fosse ela nada disso teria acontecido. Toda essa tragédia. Toda essa controvercidade, cidade. Poluição de carnes, carnes queimadas pelo sol. Marca de biquíni. Sirene de polícia, mistério de quinta avenida em plena conde da boa vista, em pleno quarteirão sujo. Isso é plena atitude desesperada baby. Uma arma em sua mão o suor no rosto. Estamos todos perdidos. Isso é fato. Fato de quem ela nunca esquecera; estávamos ali nus, despidos de inveja, pelo menos por alguns minutos, 45. 45. calibre 45, Cult 45. arma fumegante em suas mãos. As mesmas mãos que acariciavam o sexo quente. Quente como aquela pele bronzeada. Marca de biquíni por todos os lados por toda mente. Janelas, portas fechadas, cerveja, fumaça, maconha, marcas de biquíni por todo o universo, sexo quente, vagina, Virginia, varginia. Nua pelo poder. Nua pela grana, grana e poder. Voltamos ao paraíso perdido. Nos perdemos nus. Eu e ela nus. Nos perdendo.



Venci mais uma batalha e tentei socorrer meus sentidos. Mas não adiantava mais. Estavam todos ali, aquela fumaça, aqueles solos de guitarra. Aquela luz vermelha. Ela dançava sobre o fogo do asfalto cinzento. Era cinza mas era fogo. E como fogo tem segredos ela tinha todas as curas. Apesar do asfalto cinzento tinha fogo nos olhos, nas quadris, nas tetas, no suor.



Minha pequena tristeza jogada no canto. Deitado na grama pensei em voltar. Mas pensar nisso me deixava mais triste que o esperado. Por isso nada de ressentimentos. Todos de volta a noite. Aquela noite, mais uma madrugada para nossas contas do perigo. O perigo de estarmos nus. O perigo de estar vivo. Nada mais nada menos, vivo.







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