segunda-feira, 2 de maio de 2011

O cintilante dela me distrai

O amor te afasta? o medo? te afasta? Quem tem as chaves certas? Sinto-me bem melhor quando sei o que é melhor para mim. Mesmo que não seja. Eu ando no escuro quando penso nela. Mas penso. Felizmente ou infelizmente eu penso. Não estamos presos no passado nem precisamos nos preocupar com o futuro. Perdemos muita vida com isso, perdemos tempo. Temos as oportunidades. Aqueles minutos, segundos contados no relógio. O relógio do vento. Paralizei. A vida inteira num sorriso. Um abraço, uma despedida. Trocaria minha vida inteira por mais um sorriso. Por infinitos segundos. Infinito sorriso de princesa. O amor é um vírus. Infectem-se. Devoram-me aquela vontade. Vontade de ter novamente um pouco daquilo tudo, pois sim, era tudo. Foi tudo. Tudo que faltava falava alto o coração.



O cintilante dela me distrai. Garota do deserto. Nosso vasto deserto escondido. Mundo vasto. Mundo cruel. A arte torna tudo mais suportável. Mas, até quando suportar a queda? Sempre perdemos um pouco de vida, até que tudo vá embora. Como um sopro de vela. Pronto! Tudo escuro. Preto e branco. Cinza. Frio. Sem cor.



Ela tinha um cão e uma gata. Cintilante e Nestor. Eram o nome da gata e do cão respectivamente. Ia sempre visitar "o poeta vagabundo" como ela gostava de chamar seu amigo casual. Carlos. Um policial civil. Amigo, confidente e objeto sexual dela. Simone, o nome dela era simone. Cheia de vida mas com muita amargura. Balançava, prendia, soltava seus cabelos negros. Tinha as chaves do apartamento de Carlos e levava de vez enquanto Cintilante nas visitas. Moravam no mesmo prédio. Boa Vista. Lixo. Caos. Boa vista. Centro alternativo para quem curte a poesia da conturbação social. Apurava a grana da noite enquanto escutava um som e esperava pelo amigo. Amigo oculto. Escondido pelos becos da cidade. Ele sempre gostava de perambular com mais discrição possível, ninguém sabia da sua profissão. A não ser uns poucos amigos e ela. Ela estava lá. Linda, de blusinha colada branca e short jeans. Esperando e escutando um som. Acariciava cintilante enquanto pensava em sua profissão. Prostituta de luxo. De lixo. Gostava de pensar assim. Dava mais realidade a vida. Embora não gostasse que ninguém falasse. Se dizia garota de programa. Acompanhante. Vendedora de Ilusões.



Sabia como ninguém vender seu produto. Escutava as aflições dos clientes. Era carinhosa. O carinho era importante naquele momento por mais desprezo que sentisse por aqueles seres desprezíveis. Encantava com um sorriso e recebia sempre algo a mais por isso. Encantava e ganhava, esse era o jogo. E ela sabia dar as cartas. Sempre ganhava, se acostumou a ganhar. Talvez isso trouxesse um pouco de amargura. Mas a vida é amarga dizia as cartas quando pensava no que a cartomante falou. Dia de rainha. Deitada no sofá curtindo um som e pensando na vida. Vida bandida? Promiscua? Sem pudor? Não queria respostas. Queria apenas curtir aquele momento. A brisa do rio capibaribe. Rides on the storm. Jim encantava seus ouvidos. E pensava como os homens ficavam dementes com o seu sorriso matador. Com sua dança sensual, gemidos e gozo fatal. Brincava com eles, escutava os problemas, conversava. Isso criava laços que mais tarde se transformaria em grana. E assim ela continuava. Esperando Carlos. Semi nua em plena boa vista. Brisa. E pensamentos tortos. O cintilante dela me distrai.








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