sábado, 13 de novembro de 2010

Uma flor no cinza.

O amor. "Não sei, depois de tudo que já vi e passei. O amor..."Um trago, um gole. Fumaça, cachaça, cachaça, fumaça. Pensamento. Um boteco no Recife, Boa Vista, perto de um beco qualquer. Vagava pela rua Imperatriz e andava nos becos sujos como quem anda num bosque em Paris. Via poesia no caos. As lembranças do trabalho. Aquilo tudo lhe completava, o trabalho na policia deixava marcas e causava um certo rancor, uma certa mágoa. Mas era uma forma de lhe colocar em contato com o mundo e enteder um pouco o significado de estar ali. Embora nunca houvesse significado nenhum. De certa forma o completava. O contato visceral com as condições humanas. Raiva, ódio, desestruturamento emocional, sangue, cadáveres. Tudo isso ali em suas 24hs de plantão policial. Até chegar em casa um passeio pelo caos da boa vista, o lixo amontoado ali na esquina. O cheiro contamina, "eu não sei se ainda estou vivo..." Pensava e andava. Fumaça, cachaça, fumaça. Mas um trago e pronto. Levanta-se da cadeira, deixa boa parte dos sonhos mortos ali. No balcão do bar...Segue só com seus monstros, amigos monstros da solidão poética. A poesia no caos e na sujeira da boa vista. Teatro do Parque. E claro, pensava nela, sua princesa prostituta.

Ela, que vive sonhando acordada. sabe que a vida não é nada. Se não houver emoção. Ela, não afugenta os seus sonhos, sabe que a vida é um jogo. Mas se cansou de ganhar. O seu destino é um caminho, que quase sempre vai dar no mar. Ela sabe onde me encontrar. Pensava nela, sua princesa prostituta. Não dele, mas do mundo, do caos. Uma flor no cinza. Era o que vinha na cabeça logo que surgia seu rosto na mente. Um sorriso magestral no cinza. Vermelho e cinza. "E porra nenhuma!!" Nada de lágrimas, depois de tudo que passou? Porra nenhuma!! Porra de lágrimas. Sentia-se mais forte que nunca, havia sido treinado para aquilo. As marcas, a vida o adestrou. Mas seguia pensando nela. Uma dançarina de boates soturnas e vermelhas. Fumaça, luz vermelha, globo de boate. Stones on the road. Pedras rolando, Rolling Stones, rock and roll on the ears. Os dois adoravam Rolling Stones. Quente, calor, suor, tesão. Dançavam frenéticamente na boate de luz vermelha e multicolor. Psicodélicos. Surreal. Uma viagem etérea. Sexo, vertigem. Uma flor no cinza.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Money, Honey, money!!

"Diga, o que queres de mim?" Reflita nas horas mais solitárias, o que realmente vale nessa vida. Socos, feridas. Sonhos mortos, jogados na sargeta. Estou mellhor mas já estive longe demais de tudo isso. Enquanto ela dançava torta pela madrugada algo fazia com que tudo perdesse o sentido. Uma dose a mais, preciso respirar. Um dia por vez, um dia por vez. "Tenha calma!!". Estamos mesmo perdidos darling, sem grana. Pode ser a última virada e ainda que pensemos que tudo vai melhorar, poderemos nos perder mais ainda. Ainda que seja tarde, ainda que nada mais valha a pena. Vala. Ela te joga na vala. Não pense duas vezes. Money, honey, money, o verdadeiro motor da história. Ela desejava tudo na vida, menosprezava quem não interessava. Interesse, mágoa, solidão. Firme como seus seios, suja como sua alma. Mas leve. Sublime como o sexo sujo. Sujo e gozo, gozo e grana e grana e grana.... Leve-a daqui. Pois mesmo bêbada consegue seduzir. Trôpega. Consegue distinguir entre o que merece e a morte. Dança na noite como se fosse no fogo, chão em brasa. Pisa firme, queima os pés. A alma. Queima meu estômago. Constrói e destrói seus sonhos.

Outro dilema, mais um para uma tonelada de dúvidas. Leve-a daqui antes que seja tarde. Ela nunca pensou nos seus amigos, na sua verdadeira sina. A vida é leve, ainda que a alma suja. Limpa-se com a língua, minha língua. Absorverndo a dor em seus póros. Ela respira grana, carro importado, jóias, vitrines...abismo. Aqui estou! Sentado nesse abismo. Esperando a última bala, o último trem. Corremos em torno de nós mesmos. Procurando o que ela sempre soube onde encontrar. Sexo e grana.
Ainda temos o amor, "Quanto custa? quanto vc pode me oferecer?"

domingo, 16 de maio de 2010

Ruas do passado



Nas fronteiras da mente. Instalado nas geleiras do incompreensível eu, simplesmente eu, rastejando pelas ruas do passado. Recife antigo, antigos sonhos esquecidos. Nem tão esquecidos assim. Mas esquecidos. Amigos ocultos. Amigos perdidos. Pobres amigos. A carnificina vai começar, como quem começa o jogo sombrio da verdade. Roleta russa. Veja como ela dança bem melhor nua. Nua. Sem as loucuras da sociedade moderna. Sem jóias, batom, látex, laycras, cintos definidores de cintura. Veja como ela balança nua. Vestida apenas de bom senso e ética selvagem. Cavalga indomável em sonhos tortos. Tortos como a vida. Torto como um pênis.
Como de costume mendigando teus apelos. Doces apelos em noites sombrias. Alegres noites sombiras. Ninguém vai chegar baby. Ninguém vai chegar. Abre a tampa! torpor, entorpecidamente abre a tampa, mais um gole, mais um gole, confusão, milhares de sonhos, entorpecidamente torpes. Ainda ando. Indo para o infinito dos nosso olhos, impuros olhos de cristais quebrados. A tinta, a esmeralda, tudo como de costume. Desconstruido. Desenfreada sensação de solidão. A tinta, a esmeralda. Rastream oportunidades esse olhos de esmeralda. Cegam -me. O brilho da faca ainda um pouco ofuscado pelas gotas de sangue. Pingos do fim na ponta da faca. Puta que pariu!! Navalha. Vagina. Leve e linda como uma vagina. Sonhos torpes. Vamos lá. todos nu. Na lama das lembranças. Recife antigo. Ruas do passado. Todos nus, vestidos apenas de vergonha, medo, inveja e insensatez. Nos entorpecidos sonhos esquecidos da metrópole.

terça-feira, 11 de maio de 2010

3.000 °C


Três mil graus, cheiro de pele queimada. O bisturi da vida cortando dilascerando minha pele. Marcas, cicatrizes, fumaça e o cheiro de pele queimada. Pscicotrópicos, anfetamina baby, anfetamina. A vida alheia passando em cada janela e em cada um as marcas de tudo que nunca passou nem nunca vai passar.


Queima , queima baby, como o fogo do sol. 3 mil dias, 3 mil demonios, 3 mil graus de calor suburbano, metropolitano. É muito fácil ser poeta. Foda é ser poeta as 14 horas na conde da boa vista. O cheiro de pele queimada. Sol mais que a pino. A queima roupa. Se sangrar fudeu!. O asfalto como gilete corta a carne que sangra e entope os esgotos em plena boa vista. Cheiro de merda, cheiro de pele queimada. Fedentida. Recife, boa vista, av guararapes, 14 horas, sol a queima roupa. Manga da camisa suada. testa suada, vento, ventre suado, tente ser poeta agora honney. Querida, é foda! É pedra de crack na mente. 3.000 graus, que venha a madrugada. Anfetamina baby.

sábado, 8 de maio de 2010

Esquecido na Metrópole



Esquecido na Metrópole


Quanto vale seu sonho? Querer morrer é quase uma dádiva nos dias de hoje. Esses dias santos, esses dias quentes. Santos dias quentes que infernizam meus pensamentos trazendo as oferendas dos impuros cidadãos modernos que querem sempre mais de mim, de tudo e de todos.


Qual o seu carro? Quais os seus planos? Não tem nenhum dos dois? O que fazes por aqui? sozinho. Pois é. Um passeio pelo centro, uma praça, calamidade, inferno e sujeira. É o que me resta agora. Sabemos um pouco sobre nós mesmos, mas o noticiário me completa com a capacidade horrenda da superação humana em destruir com crueldade e escárnio. Vozes, buzinha, fumaça, sou um vencedor, um pobre mendigo vencedor. Esmolas da vida vida moderna. Azia, esse é meu prêmio. Acidez no estômago e a certeza de um futuro incerto. E tome incerto nisso meu bem. Sigo assim, perdido na metrópole